domingo, 9 de setembro de 2012


           “É impossível ser feliz sozinho?” 

            Começo com um verso famoso de Tom Jobim: “É impossível ser feliz sozinho?”.  É fato, que muitos dos solteiros já se fizeram essa pergunta. Certamente, a maioria deles responderia concordando com tal questão, dizendo: “sim, é impossível ser feliz sozinho”, mas há quem pense diferente, tem pessoas que querem mesmo ser solteiras e que são felizes com tal condição, estes são os conhecidos “solteiros por opção”.
            Mas esse termo “solteiro por opção”, ainda soa estranho aos ouvidos de quem acredita que o casamento é um caminho necessário para a felicidade.  Estes acham que o motivo da tal “solteirice” não é questão de opção, e sim decorrente de algum desses motivos: ou é gay  , ou é muito seletivo,  ou não gosta de compromisso, ou é encalhado (a) mesmo.
            Assim, os solteiros por opção são frequentemente questionados a respeito do motivo da sua solteirice e, além disso, são pressionados por algumas dessas perguntas: “E quando você ficar velho, quem vai cuidar de você?”, “Você não quer ter filhos?”, “Você não se sente só?”, “Você é feliz assim?”.
            Para mostrar o ponto de vista de quem defende a vida de solteiro, mostro trechos de uma entrevista do médico psiquiatra Flávio GiKovate para a revista Veja:

Veja - O senhor diria para a maioria das pessoas que o casamento pode não ser uma boa decisão na vida? 
Gikovate - Sim. As pessoas que estão casadas e são felizes são uma minoria. Com base nos atendimentos que faço e nas pessoas que conheço, não passam de 5%. A imensa maioria é a dos mal casados. São indivíduos que se envolveram em uma trama nada evolutiva e pouco saudável. Vivem relacionamentos possessivos em que não há confiança recíproca nem sinceridade. Por algum tempo depois do casamento, consideram-se felizes e bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Porém, lá entre sete e dez anos de casamento, eles terão de se deparar com a realidade e tomar uma decisão drástica, que normalmente é a separação.

Veja - Ficar sozinho é melhor, então?
Gikovate - Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena e sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, aquele "vazio no estômago" por estarem sozinhos, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam. Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico. Ainda possuem a idéia de que uma pessoa precisa de outra para se completar. Pensam, como Vinicius de Moraes, que "é impossível ser feliz sozinho". Isso caducou. Daí, vivem tristes e deprimidos.

Veja - Que conselhos você daria para um jovem que acaba de começar na vida amorosa? 
Gikovate - É preciso que o jovem entenda que o amor romântico, apesar de aparecer o tempo todo nos filmes, romances e novelas, está com os dias contados. Esse amor, que nasceu no século XIX com a revolução industrial, tem um caráter muito possessivo. Segundo esse ideal, duas pessoas que se amam devem estar juntas em todos os seus momentos livres, o que é uma afronta à individualidade. O mundo mudou muito desde então. É só olhar como vivem as viúvas. Estão todas felizes da vida. Contudo, como muitos jovens ainda sonham com esse amor romântico, casam-se, separam-se e casam-se de novo, várias vezes, até aprender essa lição. Se é que aprendem. Se um jovem já tem a noção de não precisa se casar par ser feliz, ele pulará todas essas etapas que provocam sofrimento.

Veja - Com o fim do amor romântico, como fica o sexo? 
Gikovate - 
Um dos grandes problemas ligados à questão sentimental é justamente o de que o desejo sexual nem sempre acompanha a intimidade efetiva, aquela baseada em afinidade e companheirismo. É incrível como de vez em quando amor e sexo combinam, mas isso não ocorre com facilidade. Por outro lado, o sexo com um parceiro desconhecido, ou quase isso, é quase sempre muito pouco interessante. Quando acaba, as pessoas sentem um grande vazio. Não é algo que eu recomendaria. Hoje, as normas de comportamento são ditadas pela indústria pornográfica e se parece com um exercício físico. O sexo então tem mais compromisso com agressividade do que com amor e amizade. Jovens que têm amigos muito chegados e queridos dizem que transar com eles não tem nada a ver. Acham mais fácil transar com inimigos do que com o melhor amigo. Penso que, com o amadurecimento emocional, as pessoas tenderão a se abster desse tipo de prática.

E você, acha que é impossível ser feliz sozinho?